A crise institucional na república

O técnico da Justiça Federal e Bacharel em Direito Jonas Wagner, em artigo ao Me Informo, faz uma analise sobre a crise institucional na república. Leia o artigo na integra. 

Dr. Jonas Wagner

A crise econômica que estamos vivenciando somada com a crise política instaurada na República colocou um novo termo na boca do povo: a crise institucional. Mas que crise é essa?

Bem, todos os noticiários e redes sociais divulgaram a exaustão dos mais novos fatos decepcionantes advindos de Brasília. A crise institucional de que estamos falando nada mais é do que a resistência de réus e investigados pelos mais diversos crimes contra a administração pública contra a Justiça Brasileira.

O termo crise institucional só existe nesse caso porque os réus e investigados possuem cargos e poder público e utilizam tal poder para escaparem das mãos do Estado Juiz.

É fácil perceber isso, pois qualquer outro cidadão ainda mais se for pobre teria outro tratamento; teria sua porta derrubada e sairia algemado se desobedecesse a Justiça.

Mas com um Senador que preside o poder legislativo, mesmo sendo réu, o tratamento é diferente. Quão diferente! Ele pode se recusar a receber o oficial de justiça reiteradas vezes e utilizar do seu cargo para expressamente dizer que não irá cumprir uma decisão judicial!

E mesmo tendo desrespeitado o Estado de Direito, as leis, a ética, a atitude de tal senador foi referendada pelo Supremo Tribunal! Isso é um sintoma do estado terminal que se encontra a saúde da democracia brasileira.

Tal situação nos leva a refletir, qual é o futuro que queremos para os nossos filhos? É aquele em que uns cidadãos são mais especiais para a lei do que outros? Que o “jeitinho brasileiro” o “acordão” e a corrupção tenham sido implicitamente grafadas em nossa constituição pátria? Acredito que a grande maioria dos 200 milhões de brasileiros não deseja tal futuro para a próxima geração, só que é obrigação de quem não concorda com tal futuro deixar de se omitir, deixar de ficar em silencio e exigirem uma mudança de nossas instituições.

Essa mudança que queremos não se dará da noite para o dia, nem acontecerá rapidamente depois de um grande protesto nas ruas, essa mudança precisa sim de grandes protestos, mas precisa mais desesperadamente de atitude, que quando as pessoas chegarem em casa depois do protesto, e forem a padaria não fiquem com o troco a mais e antes de tudo não furem a fila. São essas pequenas atitudes que contam para os nossos filhos pois são essas atitudes que fazem parte da realidade deles.

Dessa forma, talvez consigamos acabar com todas essas crises de ética no futuro, e só precisemos nos preocupar com a econômica, porque serão as nossas crianças os indivíduos a ocuparem as cadeiras dessas instituições. Pois nossas instituições, nossos políticos e nosso futuro só terão um destino diferente se nós enquanto povo brasileiro mudarmos primeiro porque eles são o reflexo do que somos.

Jonas Wagner de Almeida Soares – Técnico da Justiça Federal, Bacharel em Direito (UFMA).

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