Em artigo executivo mostra as perspectivas dos empregos do futuro

O mercado de trabalho está mudando?

Isso não é surpresa, porque sempre mudou. A nossa transformação como sociedade depende das mudanças econômicas e laborais. É de se imaginar que ninguém que vive e trabalha entre o final do século 20 e início do 21 teria vontade de caçar na floresta a sua própria comida. Era isso que nossos antepassados faziam.

Telefonistas, ascensoristas, datilógrafos, entre outras funções, deixaram de existir. As pessoas reclamam da extinção de profissões e veem isto como causa de desocupação. Porém, o que acontece é uma mudança em nossa civilização, que deixa de necessitar de determinados serviços para exigir outros.

Há pouco mais de 20 anos, ninguém sabia direito o que era um webdesigner, gestor de mídias sociais ou programador de aplicativos. Com o desenvolvimento da inteligência artificial, outras tantas funções irão sumir. Pode ser que operadores de telemarketing, caixas de supermercados e até árbitros de futebol já comecem a ficar na berlinda. É hora, porém, de olhar a parte cheia do copo.

De acordo com análise de instituições como o Senai, a indústria 4.0 é uma realidade. A quarta revolução industrial está transformando o mercado de trabalho a ponto de fazer surgir empregos que não pensávamos até há pouco tempo. Engenheiro de cibersegurança, analista de internet das coisas, mecânico de veículo híbrido e projetistas de impressoras 3D são algumas delas.

O diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, faz uma importante análise sobre o tema: “As tecnologias digitais vão criar uma miríade de novos negócios e transformar o mercado de trabalho”. O processo de aprendizagem, segundo ele, será contínuo e irá durar por toda a vida. “As pessoas que compreenderem melhor as tendências e se qualificarem para esse novo mundo profissional vão ser mais bem sucedidas.”

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) tem uma projeção surpreendente. A previsão é de que, até 2030, 65% dos alunos que estão hoje cursando os primeiros anos do ensino fundamental deverão atuar em profissões que ainda não existem. Dezenas de profissões irão surgir. Especialistas de plantão ou palpiteiros estarão sempre afiados para indicar que caminho o seu filho ou até o seu neto irá seguir para ganhar a vida.

O Fórum Econômico Mundial, por exemplo, elaborou em 2016 uma lista de dez aptidões que deverão ser mais valorizadas na próxima década: capacidade para solucionar problemas difíceis, criatividade, flexibilidade, gestão de pessoas, inteligência emocional, negociação, pensamento crítico, serviço comunitário, tomada de decisão com responsabilidade e trabalho em grupo.

Já o McKinsey Global Institute soltou um relatório em 2017 que irá também nos servir para analisar este cenário, utilizando, ainda, o ano de 2030 como parâmetro. O grande desafio, segundo essa instituição americana, é a transição de trabalho. Existe uma certeza: os empregos das décadas anteriores serão transformados em novos postos de trabalho para as gerações do futuro, com outras funções. “O panorama supera a escala das mudanças na agricultura e na manufatura ocorridas no passado”, diz o relatório.

A automação está remodelando o nosso mundo, afirma o relatório. “Robôs, algoritmos e inteligência artificial estão aumentando a produtividade, melhorando vidas. Essa revolução trará a maior mudança de empregos na história.” As economias emergentes irão demandar mais estudo, criatividade, sociabilidade e mais habilidades cognitivas (conhecimento). Além disso, é elevada a demanda por inovação e dinamismo econômico. O estudo destaca funções como prestadores de serviços de saúde, engenheiros, cientistas, educadores, profissionais criativos (arte e entretenimento), entre outros.

O futuro é desafiador, sem dúvida. O mercado de trabalho demandará mais e mais conhecimento, em uma escala muito maior do que nossos pais e avós. No entanto, nunca tivemos tanto acesso a conhecimento. A grande virada na carreira passa muito longe de se lamentar pelas mudanças que o mundo passa. É preciso usar a nosso favor a tecnologia, a inteligência artificial e todas as soluções concebidas no século 21. Não podemos e nem devemos deter esta onda. Mas podemos surfar nela e construir o nosso sucesso.

Por Flávio Rocha –
Presidente do Conselho de Administração no Grupo Guararapes

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