MOEDA SOCIAL em PAPEL: Inovação ou retrocesso tecnológico?

Moeda Social em papel contraria avanços tecnológicos em Porto Franco-MA.

Por Vilson Ferreira

Nesta quinta-feira, 28/11, na Sala do Empreendedor de Porto Franco-MA foi o pré-lançamento da moeda social, denominada FRANCO. Desenvolvida pelo Banco BSC em parceria com a Casa da Moeda Social. Segundo seus “idealizadores” trata-se de um projeto inovador, ousado que promete aquecer a economia local, incentivar o comercio local. Ousado? Inovador? Em que?

Vamos então a uma breve análise histórica versus avanço tecnológico.
A proposta de introduzir uma moeda social em papel, contrasta fortemente com as tendências globais de digitalização econômica. A história da moeda mostra uma transição do escambo para moedas metálicas, papel-moeda e, mais recentemente, sistemas digitais. Essa evolução busca simplificar transações, aumentar a segurança e melhorar a eficiência econômica.

O papel-moeda foi revolucionário em seu tempo, mas hoje é considerado ultrapassado devido aos custos de produção, riscos de falsificação, e problemas logísticos. A digitalização financeira é um marco na economia moderna. Ferramentas como PIX, QR Code e criptomoedas oferecem transações rápidas, seguras e rastreáveis, além de reduzir custos associados ao transporte e manuseio de dinheiro físico.

Empresas e governos de todo o mundo estão investindo em sistemas de transação digital, reconhecendo sua eficácia em promover inclusão financeira e combater economias paralelas (informais). Implantar uma moeda em papel é caminhar na direção oposta à evolução tecnológica. É um retrocesso tecnológico e econômico e isso, pode elevar custos administrativos (impressão, distribuição, controle contra falsificações).

Dificultar a rastreabilidade de transações, potencialmente favorecendo informalidade e corrupção. Ser pouco atrativo para empresas que já operam em sistemas digitais. Imagina se empresas de Ticket (alimentação, restaurante, combustível, carta frete) voltasse a era do papel? A justificativa muitas vezes apresentada para moedas sociais é o estímulo à economia local. A ideia, pode ser viável, no entanto, a versão em papel limita severamente sua flexibilidade, dificultando sua adoção em um mundo onde os consumidores esperam conveniência digital. Populações sem total acesso ao digital (o que não é o caso de Porto Franco) poderiam ser beneficiadas, mas, paradoxalmente, estariam sendo excluídas de um processo de alfabetização digital essencial no mundo contemporâneo.

Aí vem a pergunta, quem ganha com a Moeda Social em papel? Simples, interesses políticos e privados. O governo local pode utilizá-la como estratégia de marketing político, apresentando-a como uma medida para “proteger” a economia local, mesmo que isso não reflita melhorias práticas. Empresas ou grupos específicos que participam da impressão e gestão da moeda podem lucrar diretamente. Em sistemas informais ou clientelistas, pode haver interesse em dificultar auditorias sobre o uso de fundos públicos ou benefícios sociais. Para a sociedade em geral, os custos superam os benefícios, especialmente em um contexto onde ferramentas digitais estão amplamente disponíveis e mais eficientes.

Ah, mas não tem benefícios? Tem sim! Se bem gerida, a moeda social pode estimular o comércio local, mas é improvável que o formato em papel seja competitivo com alternativas digitais. Em áreas sem conectividade, pode ser útil no curto prazo, mas essa solução é paliativa. E quais as consequências negativas?

A primeira delas é a “desconfiança”, a população pode perceber a medida como retrógrada, desincentivando sua adoção. Outra consequência é a “incompatibilidade” tecnológica, negócios e consumidores que já utilizam ferramentas digitais que podem resistir a um sistema manual. E por último, “inovação sufocada”, uma vez que investir em papel-moeda desvia recursos que poderiam ser usados para expandir infraestrutura digital ou capacitação tecnológica.

Embora moedas sociais possam ser úteis em situações específicas, sua forma deve refletir as necessidades e tendências do mundo moderno. Adotar um formato em papel é uma decisão que ignora os avanços tecnológicos e as expectativas econômicas contemporâneas. Esse retrocesso pode beneficiar grupos específicos, mas provavelmente resultará em custos elevados e menor eficiência para a sociedade como um todo. Se o objetivo é estimular a economia local, um sistema digital, como uma moeda social vinculada ao PIX ou cartões pré-pagos controlados localmente, seria mais eficaz, transparente e alinhado ao futuro. Do contrário, é voltar era do ESCAMBO.

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