No Maranhão índios awa-guajá tem áreas ameaçadas de invasão

O Ministério Público Federal no Maranhão solicitou à Justiça medidas urgentes para evitar uma invasão na terra indígena Awá-Guajá.

Os índios awa-guajá estão mobilizados para buscar proteção. Alguns vestem roupas camufladas, são de um grupo que eles chamam de vigilantes da floresta e que monitoram.

A terra Awá-Guajá está na região mais preservada do que resta da Floresta Amazônica no Maranhão e que agora está ameaçada por posseiros. A Funai diz que o desmatamento avança e já tem gado pastando dentro da área demarcada.

Na madrugada de quinta-feira (17), a Polícia Rodoviária Federal apreendeu um caminhão de toras de madeira extraída ilegalmente da área indígena.

Nesta sexta-feira (18), uma reunião discutiu estratégias para proteger a área de novas invasões com a participação de lideranças indígenas de tribos da região, ONGs que defendem os direitos dos índios e ativistas.

Os índios awa-guajá habitam uma área quase do tamanho da cidade do Rio de Janeiro na divisa do Maranhão com o Pará. São cerca de cem índios. Muitos vivem isolados e nunca tiveram contato com o homem branco.

“A terra indígena Awa-Guajá teve todo o seu processo concluído. Hoje, qualquer ocupação, invasão, volta das pessoas para essa terra, é inconstitucional, é ilegal”, afirma a líder indígena Sonia Guajajara.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já garantiu que o governo vai respeitar os territórios indígenas demarcados legalmente. Como é o caso da reserva dos awa-guajá.

A área foi regulamentada como terra indígena em 2005. Em 2014, 427 famílias que ocupavam a área foram retiradas e realocadas em assentamentos na região. E enquanto outros posseiros estão invadindo a terra indígena, as famílias que foram retiradas de lá dizem que cinco anos se passaram e ainda falta estrutura para que elas continuem com o plantio de subsistência que tinham na área onde viviam. Alguns ainda estão em barracas de palha improvisadas.

Em depoimentos gravados nesta semana, assentados reclamam da situação. “O Incra prometeu tantas e tantas coisas para nós: água potável, unidade básica de saúde, unidade escolar, energia, casa, terra cortada. E hoje, eles estão fazendo o que com nós? Jogaram nós aqui, largaram de mão, como indigente”, diz um assentado.

“O que ficou restando foi essa casinha de palha aqui, que foi nós mesmos que fizemos. Eles deram foi até uma lona para a gente fazer, mas se fosse na lona já tinha se acabado há muito tempo”, afirma outro.

O Incra informou que 60 famílias ainda não foram assentadas porque não quiseram morar em outra região. E informou ainda que está tentando resolver o problema da falta de estrutura nos assentamentos, mas que depende de repasses do governo federal que ainda não foram feitos.

O Ministério da Agricultura declarou que a nova estrutura da pasta, que contempla o Incra, só passa a valer no dia 25 de janeiro e que, por este motivo, não sabe responder sobre os repasses de verbas.

Fonte: Jornal Nacional 

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